segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

TORNANDO VIVOS OS OSSOS SECOS


A visão de Ezequiel 37.1-14 se aplica alegoricamente à história de Israel, mas aqui a aplicaremos a nós e a nossa igreja (v. 11a).

Trata-se de uma imagem fantástica. O profeta se encontrava diante de um panorama de desolação: um antigo vale agora cheio de esqueletos, formados no deserto por um longo tempo. Neste cemitério, os corpos perderam suas peles e suas carnes. Eram agora apenas ossos, ossos secos.

Ezequiel não fala sobre os ossos secos; Ezequiel fala aos ossos secos. Nós podemos viver de tal forma que nossas vidas se tornem secas, vazias, mortas. É possível que aqui hoje haja pessoas assim.
O povo estava no exílio. Não adiantava os profetas garantirem que um dia voltaria para Jerusalém, onde poderia cultuar a Deus em liberdade. O povo não agüentava mais esperar. Palavras não bastavam mais. Não faltavam profetas, alguns com mensagens alentadoras, mas falsas.
O povo olhava para sua história e se via separado de Deus e disperso por várias nações. Não via como voltar a ser o povo querido de Deus.
2. A NOSSA CONDIÇÃO
Talvez alguns aqui estejam na mesma desolação do povo desterrado.
Talvez você nunca tenha sentido na vida o toque do Espírito Santo a lhe transformar. Por isto, talvez se sinta um monte de ossos secos, sem carne, sem tendões, sem vida viva, enfim. Eu espero sinceramente que hoje tenha chegado para você este momento, o momento de se sentir visitado pessoalmente por Deus e receber das mãos dele o sentido da vida.
Talvez você já tenha experimentado o amor concreto de Deus, mas por alguma razão (quem sabe, uma decepção com um líder) agora transita de igreja em igreja em busca de uma palavra amiga ou de um sorriso sincero, simplesmente porque isto lhe falte na vida, ou em busca da palavra de Deus capaz de trazer seus ossos à vida. Sinceramente desejo que a visão de Ezequiel se concretize na sua vida e hoje mesmo você sinta o poder de Deus de novo se manifestando em sua existência.
Talvez você esteja cansado de ser crente, não mais encontrando qualquer alegria na vida cristã. Talvez você esteja cansado de ver e viver um cristianismo de muitas palavras e poucos compromissos. Talvez você esteja farto de uma fé teórica, que não encontra ressonância na prática. A sua espiritualidade é como um livro esgotado. Não é mais encontrada. Talvez você esteja experimentando um esgotamento espiritual. Este seu esgotamento pode ser provocado por falsas promessas (de cura, emprego, vida rósea), pela autoconfiança (como se a religião fosse uma superprodução controlada por você) ou pela falta de união à fonte da Vida. Talvez você seja, portanto, um montão de ossos secos no vale da vida. Se assim é, anseio honestamente que a sua espiritualidade seja um livro cheio de páginas coloridas e disponível na estante, jamais um livro de páginas em branco, escondido em algum sebo empoeirado.

Generalizando a experiência, nós podemos estar, como pessoas, num vale de ossos secos.
Neste caso, limitamos a vida a nós mesmos, achamos que só nós temos talentos e competências. Com esta visão seca, não exploramos todo o nosso potencial. Deus, no entanto, nos quer transformar em grandes parceiros do seu trabalho no mundo, como Moisés, Isaías, Pedro e Paulo, entre outros.

Nós podemos estar, como igrejas, num vale de ossos secos.
Neste caso, vemo-nos fracos e sem esperança. No entanto, aprendemos na Bíblia que a igreja é o canal através do qual Deus é glorificado. A igreja é a multiforme sabedoria de Deus (Ef 3.10).
Mesmo que a igreja, ou seus membros, esteja fraca, ela ainda é o Israel de Deus. Deus a levará a vida, fará com que ela cresça. Deus a abençoará se lhe for fiel (Ap 3.7-12).


3. PARA DEIXAR DE VIVER NUM VALE DE OSSOS SECOS
Sua vida pode estar adormecendo.
Nossa igreja pode ser um gigante que dorme.
Entre seus membros há muitos recursos, espirituais, morais e materiais. No entanto, como no caso de Israel cativo na Babilônia, muitos estão desencorajados e sem esperança. Alguns vivem como se estivessem longe de Deus. Alguns perderam sua fé em Deus. Tornaram-se cemitérios de ossos mortos e secos.
A estes é preciso repetir a mensagem de Ezequiel: Deus vivifica os mortos. Para tanto:

3.1. Não podemos voltar a viver senão por Deus (v. 3,6).
A essência da mensagem desta visão é esta: Deus tem poder para nos vivificar (vv. 13-14). Se nos esquecemos disso, não há esperança para nós.
O Deus que tem poder para libertar seu povo do cativeiro (no passado) é o mesmo que pode dar vida a corpos mortos (v. 1).

3.2. Não há condição humana que Deus não possa transformar (v. 4-5).
Nem a morte é definitiva pra Deus, ele que faz ossos secos se tornarem ossos vivos. Se for necessário, ele nos tira da sepultura (v. 12).
Não importa qual seja seu cativeiro. Seja ele real, físico ou espiritual, você pode ser tirado dele pelo poder e pela graça de Deus.

3.3. Há uma parte que nos cabe. Os ossos se juntaram a outros ossos (v. 7).
[Elogio da igreja; elogio da vida comunitária. Cada um ao seu osso. Elogio ao toque, ao encontro.]
Se, na igreja, não houver toque, não haverá vida. Não basta olhar; é preciso conversar, tocar, conhecer.
Nesta parte, que é nossa, precisamos desenvolver a paciência. No processo de revitalização dos ossos houve um progressão: tendão » carne » pele » espírito.
Alegoricamente, podemos pensar nos tendões como sendo o desejo de procurar a solução, de sair de nós mesmos. É um primeiro esforço, mas ainda insuficiente. Podemos pensar na carne como um conjunto de ações que tomamos (é aquilo que fazemos). Podemos pensar na pele como a completude da obra que nos cabe e, ao mesmo tempo, como o nosso limite. Mais não podemos fazer. Por nós mesmos o máximo que alcançamos é a preparação para a vida, mas não a própria vida.
Todavia, não podemos nos contentar com a superfície. Nossos ossos podem ter tendão, carne e pele, mas logo se tornarão secos se não tiverem o espírito (v. 7-8)

3.4. Nós podemos ser instrumentos nas mãos de Deus.
Para tanto, devemos fazer como Ezequiel: ceder nossas vontades à vontade de Deus (Rm 6.16) e crer que Deus nos abençoará e nos suprirá todas as necessidades de acordo com suas riquezas em Jesus Cristo (Fp 4.19). Deus pode fazer grandes coisas se tão-somente o permitirmos.
O Espírito levou o povo de Israel a viver em esperança. No Pentecoste, o mesmo Espírito de Deus os ajuntou em Jerusalém. O Espírito trabalha de um modo invisível. Não podemos vê-lo, mas podemos ver os seus resultados. Ele sopra a vida em almas mortas. Se ele não sopra na vida de uma pessoa, esta pessoa está morta.
Deus nos dá seu Espírito Santo para que alcancemos a nova vida.
Quando formos instrumentos de Deus, deixaremos de ser ossos secos, para sermos corpos vivos.


4. CONCLUSÃO
Se você ainda não é um redimido por Deus, Ele pode livrar você da condenação do pecado e colocar seu Espírito em você e guardá-lo por seu poder, por meio da fé, para a salvação. Você quer?
Confie em Deus, que pode restaurar seus ossos secos.
Se você, embora sendo um cristão, se sente morador de um vale de ossos secos, confie em Deus. Deixe que os tendões, a carne, a pele se forme nos seus ossos. Deixe que o Espírito Santo de Deus more em sua vida, de novo. A alegria voltará.



Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 18.10.1998 - noite


Em Cristo
Marcos
02/08/12

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